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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O guarda-chuva - Causos de Assombração

Vou contar um causo pra vocês que me arrepia só de lembrar.
Viajava pela estrada de terra um moço que resolveu se aventurar rumo a outra cidade em busca de aproveitar a sua mocidade apesar de contrariar a vontade dos pais em viajar naquela Sexta-feira Santa. Montou em seu cavalo e partiu sem rumo algum e sem dia para voltar.
Andou por várias léguas até chegar em uma pequena cidade onde procurou uma hospedaria para passar o resto daquela noite.
Ao deitar teve um sonho bastante confuso que enquanto ele andava á cavalo pela estrada mesmo sendo a noite, sombras e vultos o acompanhavam estrada a fora, de quando em quando ele jurava sentir a presença de um ser agarrado em suas costas. Em outros momentos os espíritos estavam sempre acompanhando ele, não adiantava apressar o galope do cavalo que os vultos nunca ficavam para trás.
O mais engraçado que ele acordou desse sonho lá pelas 6 horas da matina com o uivar de um cachorro do mato bem embaixo da janela ainda se mesclando com o sonho.

O dia passou como um galope e logo chegou a noite e com ela um Baile de Aleluia. La se foi o jovem para o baile todo esperançoso de arranjar namorada, e realmente encontrou uma garota muito linda a qual se apaixonou de imediato, como dizem, foi amor a primeira vista. Dançaram a noite toda. Ele nunca tinha se divertido tanto em tão pouco tempo, mas eis que pouco antes da meia noite a moça disse que precisava ir embora. 
A noite estava chuviscando e ele se ofereceu pra levar ela pra casa. Ela até ficou feliz pois não tinha guarda-chuvas,os dois saíram abraçados pela calçada escura e molhada contando história.

Chegaram lá na avenida e ela disse que daquele ponto em diante precisava partir sozinha, faltava 5 para meia noite, ele ainda insistiu mas ela não quis, como continuava chovendo ele fez questão que ela levasse o seu guarda-chuvas. Trocaram endereço e então ela iría pra casa dela, e ele foi pra pousada

No outro dia bem cedo levantou foi procurar a casa  da moça, bateu palmas no velho portão até que apareceu um homem que o mandou entrar. O rapaz com intenção de ver a moça aceitou o convite. Conversaram um pouco de tudo até que o rapaz criou coragem e perguntou do seu guarda-chuva que a sua filha havia levado pra se proteger da chuva na noite anterior. O velho então no primeiro momento se enraiveceu com tamanho atrevimento daquele estranho, mas ao ver o semblante inocente dele começou chorar. 
- A minha única filha eu a amava tanto mas está fazendo muito tempo que ela morreu. O moço pensou que se tratava de um engano e pediu se tinha alguma foto que ele pudesse vê-la, ao que prontamente foi atendido.
O rapaz quase desmaiou de susto, ao ver exatamente a moça pela qual se apaixonara na noite anterior.

-Não pode, ontem mesmo eu estive com ela. Dançamos a noite toda e depois vim com ela passeando na avenida...
O velho convidou o rapaz para que fossem ao cemitério e assim esclarecer a história de uma vez por todas.
Ao chegarem lá ambos se abraçaram e começaram a chorar. O guarda-chuva dele estava sobre a sepultura com a foto da linda jovem, aquela mesmo que ele tinha passado tão lindas horas.

Por: Jaciano Eccher
Adaptado de : A capa do Viajante.

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