Lazaro tinha um cachorro que só faltava falar! Era um cusco viadeiro, que andava sempre com ele nas lidas de campo e nas voltiadas pelo pago. Quando o Lazaro namorava, o diabo do guaipeca saía pelos campos arrancando flor com a boca, pra trazer pra moça... De uma feita, o Lazaro e um conhecido, que também tinha um cachorro ensinado, só que pastor alemão, começaram a discutir qual era o melhor. Discutiram, gritaram, quase brigaram e terminaram jogando na frente de um povaréu que se juntou pra ver. E aí começou: tudo o que um cachorro fazia o outro fazia, igual ou melhor. Lá pelas tantas, desesperado, o adversário do Lazaro atirou longe uma brasa de angico do tamanho de um punho e disse pro Lazaro:
- Agora manda o teu cachorro buscar!... O Lazaro só estalou os dedos e o cusco saiu que era uma flecha. Chegou na brasa, cheirou bem, deu três voltas em redor, ergueu a patinha e mijou em cima, apagando-a. Ainda fumaceando, abocanhou-a e trouxe o carvão até os dois discutidores.
Causo de Antonio Augusto Fagundes adaptado por Jaciano Eccher.