Um tal de Lazaro foi convidado pra tocar num baile na linha Caneleira próximo a Barragem, Rio Passo Fundo, em Três Palmeiras... Frio de renguear cusco, com uma gauchada dançando e tomando canha pra não encarangar. O Lazaro começou a tocar logo depois da bóia e lá pela meia noite vocês não vão acreditar! O som da gaita começou a diminuir, diminuir e foi desaparecendo. Ele ainda insistiu e tocou mais um pouco, afundando as teclas da gaita, mas completamente sem som. À uma hora da madrugada o baile parou, porque não se ouvia mais o instrumento. No outro dia, lá pelas onze da manhã, quando o sol esforteou, se derramou por aquelas coxilhas um barulhão de gaita que não acabava mais: era bugio, era vanera, era xotes, era polca, tudo! Sabem o que tinha acontecido? Com o frio, até a música tinha se congelado. Só derreteu com o sol do outro dia, a aí, sim, se ouviu tudo...
Causo de Antonio Augusto Fagundes adaptado por Jaciano Eccher.