Lá na campanha é costumeiro depois de um dia de lida, a tropa se juntar nalgum bolicho de beira de estrada pra botar a conversa em dia e contar alguns causos – principalmente causos de assombração -, 1, 2, 3, 4 causos e já tem gente com medo da própria sombra…
Foi num dia desses que no bolicho do Gaiola, entre um causo e outro, sentiu-se um redemoinho de vento abrindo a porta do bolicho, e dele saiu um cavalo zaino que de tão bonito chegava a luzir… O cavalo largou um ” – Buenas!” e sai em direção ao balcão – Todo mundo que já andava meio assustado pelos causos, foram entrando pelas golas dos ponchos – chegou em frente ao bolicheiro e cuspiu um ligeiro:
– ME DÁ UMA CERVEJA!
O bolicheiro pôs a mão no seu revolver .44 que estava em baixo do balcão, mas… resolveu abrir uma cerveja com a outra e entregou ao cavalo, que segurou a garrafa nos dentes e bebeu de soco.
– ME DÁ OUTRA CERVEJA, BEM MAIS GELADA QUE ESSA!
O bolicheiro se assustado com o gosto do cavalo, atendeu ao pedido… Novamente o zaino segurou a garrafa e meteu goela abaixo, e em seguida disse:
– CHE, QUANTO DEU?
O velho gaiola, num sopro de coragem respondeu:
– 20 PILA… DEU 20 PILA!
O zaino foi se indo pra porta e o bolicheiro se obrigou a limpar aquela história:
– CHE, EU HERDEI ESSE BOLICHO DO MEU PAI QUE HERDOU DO PAI DELE… E… E… NUNCA SE VIU UM CAVALO FALAR, MUITO MENOS BEBER CERVEJA! TU É O PRIMEIRO!
O zaino já negaceando com a cabeça respondeu:
– PELO PREÇO DA CERVEJA… PRIMEIRO E ULTIMO!